A uva Alvarinho é, para muitos entendidos do assunto, a que mais reúne qualidades entre as cepas brancas. E com uma produção reduzida, ela se torna ainda mais especial, dando origem a vinhos nobres, que são únicos em sabor e aroma.

 

 

Alvarinho ou Albariño?

 

Não é incomum, de certa maneira, que venhamos encontrar no bom mundo das uvas e do vinho certas questões relacionadas à taxonomia dos insumos envolvidos.


Por isso, é frequente vermos uma mesma uva possuir nomes diferentes em lugares distintos, o que pode ocasionar alguma confusão.


Vejamos, pois, o caso da Alvarinho. Existe uma variedade de uva ibérica, talvez a única uva branca desta península a alcançar o status de “clássica” em todo o mundo.


E, veja só, o nome dela é “Albariño”, o que consequentemente nos remete de imediato a uva deste artigo.


Pode-se perceber que esta saborosa uva espanhola nos lembra do nome da portuguesa, já que ambas se escrevem quase de maneira idêntica.

 

A espanhola Albariño vem de Rias Baixas, uma região do noroeste da Espanha que mais se assemelha à costa da Irlanda do que à terra dos touros e do flamenco.

 

Mas atravesse o rio Minho (ou caminhe, ou nade – afinal de contas, nem é tão longe assim) e as vinhas com vista para este rio terão o nome Alvarinho, a nobre uva branca da região de Vinho Verde de Portugal.

 

É uma coincidência que esses nomes soem tão familiares? Pois nem tanto – é a mesma uva.


Origem da Alvarinho

 

Proveniente da zona fronteiriça entre Portugal e Espanha, com paternidade desconhecida. É provavelmente uma variedade de uva muito antiga.

 

De acordo com uma hipótese inverificável, foi supostamente usada pelos monges cistercienses dos séculos 11 a 13 da Alemanha ou da França através do Caminho de Santiago.

 

Ela possivelmente costumava ser cultivada por estes religiosos, que serviam o vinho feito dela para os inúmeros peregrinos que percorriam o caminho. Inclusive, percorrem até os dias de hoje.


Realizada em 2003, a análise de DNA mostrou uma estreita relação com a variedade Loureiro.


Características da Alvarinho

 

É na sub-região de Monção e Melgaço, na margem sul do Rio Minho, que a uva Alvarinho revela e alcança o máximo de seu potencial, em um território único, devido a razões naturais relacionadas ao solo e ao microclima.

 

Monção e Melgaço, não muito longe do Oceano Atlântico, mantêm-se protegidas dos ventos do mar pelas montanhas.

 

Estão ainda em uma relação natural que permite a perfeita conjugação entre chuva, temperatura e número de horas de sol necessárias para o melhor amadurecimento das uvas.


Uma Casta Temperamental

 

Alvarinho é uma uva branca que origina cachos muito pequenos e compactos, levando a uma uva improdutiva, produzindo menos vinho do que as demais uvas da região.

 

Origina vinhos únicos, facilmente identificáveis e com diversas qualidades combinadas, como seu forte temperamento e personalidade.

 

Tanto em Portugal quanto na Espanha – aliás, as regiões de cultivo destes dois países estão tão próximas que podem ser vistas a olho nu – elas possuem da mesma forma solos repletos de granito, o que ajuda a aumentar a mineralidade da bebida.

 

Inclusive, as videiras são colocadas em altas pérgulas, o que permite que elas fiquem mais expostas aos ventos e também impedindo apodrecimento e umidade excessiva.


Sabores e Aromas

 

De fato, a Alvarinho não é tão provável de ser encontrada em um vinho varietal quanto em um vinho de corte.

 

A maioria dos vinhos do Vinho Verde são misturas de várias cepas de uvas, de acordo com a tradição da região.

 

A produção de Alvarinho como um único vinho varietal é, na verdade, uma tendência relativamente recente e que ainda não é muito predominante.


A Alvarinho tem uma intensidade aromática enorme, e podem-se perceber aromas de limão, lima, pera, toranja e nectarina. Além de, ocasionalmente, raspas de laranja e cera de abelha, sustentada por cheiros sutis de granito recém-umedecido e manjericão.

 

Quando se experimenta um vinho com uva Alvarinho, delicia-se instantaneamente com sua acidez de dar água na boca, um paladar meio pesado, salgado e um final longo e arrepiante, que geralmente tem uma nota amarga sutil, que dá um tom marcante de finalização.

 

 

Harmonize e Deleite-se

 

Para harmonizar com vinhos da uva Alvarinho, frutos do mar são excelentes, assim como frango. E naturalmente, queijos como Provolone, Suíço, Brie e Feta.


Saladas com cenoura, pepino, alface e cebolas também vão muito bem com este vinho.

 

Sempre escolha, como regra geral, pratos com intensidade média e que preferencialmente possuam um tom cítrico ou aromático.

 

Esta preciosidade de Portugal deve ser degustada. Por isso não perca tempo e experimente um vinho com a uva Alvarinho hoje mesmo!